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02 agosto 2006

O filho do poeta

Arlete me ligou convidando para ir assistir ao filme (curta) premiado de Frederico, seu filho , no Box Cinemas. O cinema estava completamente lotado. Todas as pessoas conhecidas, amigos, artistas, escritores, músicos, cineastas locais. Reencontro de amigos. Sorrisos, batidinhas no ombro. Adolescentes às dezenas. Na fila quando o poeta Nauro passou por nós - abraços, carinho. Na sala de projeção, Frederico ensaiou algumas palavras para expressar seu sonho de fazer aquilo. Início.

À cada cena a música maravilhosa de Joaquim Santos invade a sala escura e confortavelmente fria. Mas dentro de cada um da platéia algo toma conta dos poros. O calor da emoção de ver o poeta trôpego. Seus passos cambaleantes pelos paralelepípedos das ruas estreitas da cidade que o conhece e aplaude. Sua voz vibrante algumas vezes. Sua voz inaudível em outras. Seu riso escancarado. Berros. Mãos para o alto. Invocando a graça de Deus?
Nauro declama seus poemas entre um gole e outro do que a garrafa rotulada guarda. Fala com transeuntes. Solfeja. Exalta. Comove. Diante do mar caminha, sapatos na mão, pés nas águas que beijam a areia e sua alma ferida. Mais que sapatos, carrega o peso do mundo. O mesmo peso de que se queixa. Solidão.

Chocante. Emocionante. Vontade de erguê-lo da chã sarjeta. Pessoas olham e deixam que ele ali extravase seus demônios, suas dores, seus mais subterrâneos pecados e medos.

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