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30 outubro 2007

FRAGMENTOS

A MULHER DE COSTAS (Marcia Tiburi, 2006)

“ meu olhar reluz a pedra translúcida”
“ ...é aurora no tempo que me cativa, esse tempo fino que ele traz guardado entre as suas várias peles”
“a luminosidade da boca condensa em odes a tristeza, a sede e o silêncio”
“mastiga no lento o sagrado do dia”
“elas vinham perdurar o cansaço e empilhar o tempo ressequido”
“...e se entendiam entre os líquidos da vida”
“eu esperava a aurora com sua luz rósea”
“...o deserto não existiu sempre, que foi um resto da lágrima salgada que secou sobre as pedras”
“o grão de sua alma voa ao solavanco do vento”
“Sei que vê melhor com os pés no chão, são seus olhos rastejando.”
“a alma era um brinde que teria até a hora de sua morte.”
“É cedo na manhã que desaba.”
“Ela carrega a verdade como um fio de cabelo que ata os mundos.”


MAGNÓLIA
(Marcia Tiburi, 2005)

“ não um choro de exatidão de lágrimas que escorrem, mas do recolhimento e do esgar vagaroso.”
“... mas deixou o fio intangível da meada.”
“o futuro é a libélula que esqueceu onde pôs os ovos.”
“A paisagem é o espírito do espaço.”
“...sobrou apenas o cheiro como uma lembrança avessa, destas atadas de silêncio;”
“O espírito da árvore está preso dentro da folha prensada sobre a qual se escreve e desenha;”
“A vida é a insônia eterna.”

29 outubro 2007

Helena Schopenhauer Borges

“Deixei sinais do meu asilo no seu corpo
Nossos olhos de antes entrelaçados
aves
hoje voam sem coragem
além do sempre onde fomos colocados,
eu, você e as cartas do impossível
nada que apague o amanhã
em sonhos descorados
com que esperei-te um dia na janela
e minha casa era seu corpo
e suas mãos roubavam o meu tempo
agora é só o lamento da rima lassa
onde me lembro
o dó
e ainda que eu te beije,
não te vejo.”
(Helena Schopenhauer Borges)