Seguidores

16 setembro 2008

FUGA

A notícia se espalhou pelas esquinas.
Sobre meu paradeiro, nenhum vestígio
homens e mulheres saíram à procura
do meu corpo enfraquecido

meu espírito sonâmbulo
é guia imaginário na rota do desespero

tenho feridas nos pés
e o coração tropeçado em si mesmo

se o corpo buscar o chão
(tapete de pedras pontiagudas
tal leito de faquir em seu martírio)
resistirei
alçada nas fímbrias do sonho que me alimenta
e protege
o sonho de encontrar um lugar onde ninguém possa chegar
o lago de águas luzidias e mornas
perto das montanhas

as mulheres e os homens desistirão da busca
quando perceberem que de mim só ficou o contorno iluminado
(bruxuleante ) a se extinguir pelos caminhos.

(AuGraca, jul. 22)

















FARELO DE LUZ

A noite pode ser mais que espera e sombra
se advinhamos a dança das estrelas
na fresta do olho

dançarinas da noite
ou lâminas do dia
unem ou retalham
o invisível

o universo é farelo de luz
se a mão é concha
para acolher o brilho.

(AuGraca, ago. 18)

RECLUSÃO














1
Meu tesouro
são as quatro paredes
e uma cadeira
o coração aquecido
e um lápis.

2
A palavra me guia
na direção oposta da rima
dizer é controverso.

3
Na falta de arroz e peixe
e azeite para o candeeiro
tateio o escuro e a fome
alguém me dará água
nesse gesto
luz.

(Au, 14 set. 2008)