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31 agosto 2006

Suaves lembranças!

Place des Vosges, Paris

CHÁS E AZALÉIAS

55 sóis ou 60 madrugadas
55 noites ou 60 meses
55 desejos ou 60 traumas
55 abraços ou 60 beijos
55 amigos ou 60 Lianas
55 aniversários ou 60 anos
55 sonhos ou 60 enganos
55 manifestações de apreço ou 60 recolhimentos
55 bolos de aniversário ou 60 sushis
55 netas Maria ou 60 netos Pedro Samuel e Mateus
55 idéias no trabalho ou 60 caminhadas na praia
55 trajetos no bus ou 60 caronas de amigos
55 voltas noturnas ou 60 viagens de trem
55 manhãs na Barão ou 60 nevadas no Chile
55 mães ausentes ou 60 tias velhas
55 pais atentos ou 60 Beldas galantes
55 páginas escritas em teu louvor ou 60 poemas anônimos
55 filhos e noras ou 60 milagres da vida
55 saladas na Praça Mauá ou 60 lentilhas na mesa
55 viagens à Europa ou 60 Place des Vosges
55 jardins e vidraças ou 60 calores humanos
55 cigarros partidos ou 60 namorados franceses
55 corações flechados ou 60 desejos e amor
55 chaleiras de chá ou 60 sorvetes de menta
55 botões de azaléias ou 60 Amazônias perdidas
(Aurora da Graça, Inéditos)

28 agosto 2006

aurora boreal

ESTAR VIVA

Contemplar a noite
e vê-la arrastar-se pelas entranhas
dos que ainda esperam
em vão
disputando os veios da alma
entre o que pulsa e o que adormece em quietude
desafio constante entre desejos afagos martírios e lembranças
viver
entre o escuro e o clarão prometido do dia
guardião dos olhos abertos
sentinelas da espera
viver
enquanto te excluis e te eximes de mim.

27 agosto 2006

Lagoa da Jansen


LAGOA ANÔNIMA

Aurora da Graça

É outra lagoa
É outra cidade
É outra história
ciclovias e pedestres
lado a lado
expostos ao odor acre que exalas
das entranhas de teu mar escuro
e represado
não tens nome por agora
és anônima sem nome de mulher
de poeta ou senador
renasces dos escombros de teu mangue
em cada manhã solar de maresia
pelas mãos de homens alugados
pra modelar teu corpo de curvas alongadas
sobre teu solo inventado de concreto
desenham praças e arenas
quiosques arquibancadas monumentos
no lugar da cidade flutuante sobre tábuas e barris
de antigamente
tratores bicicletas e caçambas
amortecem teu ventre renascido
braços abertos enfileirados para o nada
os postes são faróis fachos ou guias
pra quem anda ao teu redor na madrugada
o mar que herdaste se afasta
levando barcos sarnambis e caranguejos
não advinham a beleza que virá
não esperam a paz que não prometes
em tuas águas paradas
lagoa anônima
espelho da cidade amordaçada
sem grito de esperança
sem futuro prometido
sem fiança
não te enganes com as festas que virão
teus enfeites tuas luzes teus aplausos
convidados importantes entre faixas e holofotes
aproveita essa festa premeditada
e te resguarda para quem te viu surgir
da piçarra acumulada e avermelhada
caminhões traiçoeiros e poeira
alegra-te lagoa fabricada!
sob o sol e a chuva que virá nesse dezembro
ninguém se negará ao teu fascínio
paisagem construída aos pedaços
de verde encomendado palmo a palmo
boca de mar provisória e solitária
sem navios.

20 agosto 2006

TRAVESSIA!

BEIRA DE MAR

Tu vigiavas o mar
e a solidão marinha
vazava de teu peito
em sobressalto
o mar testemunha meu banho
farto
temporal
o vento testemunha minha fé
e a complacência pela tarde
como lança que defenda minha crença
como quem arde a tarde e seu destino.
(Nó de Brilho, 1981)

[Minha paisagem cotidiana!
Depois da ponte, dobro a direita,
chego em casa e abro uma janela para o mundo!]














Li esta frase em um blog:

"Por que o amor apunhá-la quando antes foi gentil?"

18 agosto 2006

Cena do filme "Sylvia, paixão além das palavras"
Consegui localizar (na locadora) o filme sobre a Sylvia Plath.


17 agosto 2006

Gosto dessa idéia. Se a praticássemos quando nos encontramos com as pessoas
(íntimas ou não) certamente teríamos menos chances de desgaste, stress, desenganos...
o foco dessa boa luz em nós favoreceria nossa boa atuação - palavras e postura.

MARIA BETHÂNIA [Entrevista na revista Playboy / Norma Couri / Nov. 1996]

Foto: encarte do show Tempo...Tempo...Tempo...Tempo

Acho muito bonito uma mulher debaixo de uma cachoeira vestida do que nua, acho mais bonito tirar a roupa de uma pessoa do que já encontrá-la sem. Tudo pra mim tem de ter teatro.
Você vai se sentar para almoçar, não tem teatro nisso? Senta, desdobra o guardanapo, pega o copo... é teatro. A mesma coisa numa relação de amor ou amizade.
A vida é um cenário. E tem que ser bem-feito, com uma boa luz. Um bom espetáculo!

12 agosto 2006

Tarina sorri com os pais!

Ei-la! veio ver meu blog. E ela que sabe tudo de computer...

11 agosto 2006

Viver para sempre?

















Sonho remoto

Se pudesse pear entre meus dedos
o tempo
se pudesse reter entre meus braços
teu corpo
se pudesse guardar dentro dos olhos
tua beleza
se pudesse sentir na minha pele
teus poros
se pudesse acalentar na minha’alma
tua vida
para sempre viveria
apaziguada
sem precisar
construir mais sonhos
vencer a escuridão e o medo
da imperceptível hora.
Para sempre viveria
compadecida
entregue
concluída.

10 agosto 2006

Um pouco de trabalho faz bem!



Desde as 18h (eu, Zica, Lusi e Cecile) fizemos a revisão da 4 ed. deste Manual. Mais uns dias e se finaliza.

09 agosto 2006

Johnny Depp


PIRATA DO CARIBE

Na tela do monitor
o
Pirata do Caribe olha
belo
sem retoques
ar feroz sem complacência
ar de mistério que me encanta.

Pirata do Caribe
guia das estrelas
sem destino desenhado
trafega rios e mares
espera
o amor em cada margem
promete
abraços
beijos
guarda
tesouros no peito
mesclados de ilusão.

Pirata do Caribe
baú de histórias
completa inspiração da vida
pirata enganador de corações
.

Bethânia canta e lembra Vinicius

Vinicius e Gilda Mattoso
O mais-que-perfeito
Vinicius de Moraes

Ah, quem me dera ir-me
Contigo agora
Para um horizonte firme
(Comum, embora...)
Ah, quem me dera ir-me!
Ah, quem me dera amar-te
Sem mais ciúmes
De alguém em algum lugar
Que não presumes...
Ah, quem me dera amar-te!

Ah, quem me dera ver-te
Sempre a meu lado
Sem precisar dizer-te
Jamais: cuidado...
Ah, quem me dera ver-te!

Ah, quem me dera ter-te
Como um lugar
Plantado num chão verde
Para eu morar-te
Morar-te até morrer-te...


(Montevideo, 01/11/1956)

(Falado por Maria Bethânia no show
Tempo Tempo Tempo Tempo,Cap. 34)

04 agosto 2006

Parabéns! Fernando!



















Fernando Rezende, menino!
Hoje é seu aniversário!
Já é um jornalista do Portal da Globo-BH.

03 agosto 2006

OS REZENDE DA MINHA VIDA

Guilherme e Lúcia Helena
A casa deles - São João del Rei


MADRUGADA

Para Guilherme Rezende

Para que me ouças
é preciso que a noite se desnude do véu de sombras
revele seus mistérios e encoste ao teu ouvido
minha fala de anjo.
As palavras que te direi serão banais
com a carga vital que armazenamos
de ar da maresia evaporada das vagas
de qualquer mar.
Não ouvirás segredos nem promessas!
As palavras que te direi serão fatais
manifesto profundo
das verdadeiras sensações
paridas da convivência minguada
pelo cerco das montanhas
pelas estradas sem fendas
pela mudez do tempo.
Para que me ouças
naufraga teu olhar delicado
na linha invisível do horizonte
onde
construída de aurora e madrugada
terei tempo
terei coragem
terei audácia
para vencer os dragões do medo
e dizimá-los
e de resto
um cofre de lembranças
armadura de seda
para a solitária travessia deste dia.

Momento Cantoras 2

Gal e Tom
As origens da Bossa Nova e do Tropicalismo foram mostradas pela Directv com o foco principal em Gal Costa. Histórias, depoimentos, imagens. Valeu!

Momento Cantoras!

O disco de Zélia Duncan - Pré-Pós-Tudo Bossa Band- é surpreendentemente bonito. Agradável de ouvir. E Eu me transformo em outras também.

02 agosto 2006

O filho do poeta

Arlete me ligou convidando para ir assistir ao filme (curta) premiado de Frederico, seu filho , no Box Cinemas. O cinema estava completamente lotado. Todas as pessoas conhecidas, amigos, artistas, escritores, músicos, cineastas locais. Reencontro de amigos. Sorrisos, batidinhas no ombro. Adolescentes às dezenas. Na fila quando o poeta Nauro passou por nós - abraços, carinho. Na sala de projeção, Frederico ensaiou algumas palavras para expressar seu sonho de fazer aquilo. Início.

À cada cena a música maravilhosa de Joaquim Santos invade a sala escura e confortavelmente fria. Mas dentro de cada um da platéia algo toma conta dos poros. O calor da emoção de ver o poeta trôpego. Seus passos cambaleantes pelos paralelepípedos das ruas estreitas da cidade que o conhece e aplaude. Sua voz vibrante algumas vezes. Sua voz inaudível em outras. Seu riso escancarado. Berros. Mãos para o alto. Invocando a graça de Deus?
Nauro declama seus poemas entre um gole e outro do que a garrafa rotulada guarda. Fala com transeuntes. Solfeja. Exalta. Comove. Diante do mar caminha, sapatos na mão, pés nas águas que beijam a areia e sua alma ferida. Mais que sapatos, carrega o peso do mundo. O mesmo peso de que se queixa. Solidão.

Chocante. Emocionante. Vontade de erguê-lo da chã sarjeta. Pessoas olham e deixam que ele ali extravase seus demônios, suas dores, seus mais subterrâneos pecados e medos.

O jeito que o filme me tocou

SALVE NAURO!

Pode se ter pai bacana
pai quadrado
pai antigo
pai feliz
pai alcoólatra
pai poeta
mas ter pai
alcoólatra e poeta
é diferente
especial
demais.

Compreensível
para quem tem a alma generosa
ao extremo
ao ponto de expor sua própria
compreensão
à execração
ao julgamento injustificado
ao escárnio
de quem tem a alma pequena.

Mas o que se vê
é o amor
a dedicação inteira
inconsútil
do filho aberto a todas as impossíveis
conspirações contra esse inusitado ou comum
comportamento de um ser humano talhado para o poema
chama que arde perenemente indiferente a todas as convenções.
Poeta que vasculha a profundidade dos sentimentos do mundo
Poeta do olhar para as mais inquietantes aberrações da vida
Poeta total e sem concessões.
Nosso poeta. Salve Nauro!