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22 setembro 2011

O TEMPO GUARDADO DAS PEQUENAS FELICIDADES _ resenha

O tesouro de Aurora da Graça
20 setembro 2011 by Alex Sens
Publicado em ACESSO TOTAL Revista
(http://acessototalrevista.org/2011/o-tesouro-de-aurora-da-graca/)

Poesia e poema se confundem no imaginário de muitos leitores, ainda que livres e sensíveis como neblina filigranada. Alguns dizem que Clarice Lispector não escrevia poesia, então o conceito se parte. Poema é uma estrutura de versos com ritmo e cadência, às vezes com forma, às vezes com uma contagem restrita de sílabas poéticas, sonoridade planejada, um tijolo sobre o outro formando uma coluna sobre a qual o coração se apoia. O conceito de poesia é muito mais profundo, pessoal, até, e carrega consigo um aroma lírico de imagens metafóricas, comparações, densas figuras de linguagem, o sumo dela, desta linguagem, caudaloso e forte, com mais temperos do que o olhar pode provar. Clarice escrevia, sim, poesia, embora não escrevesse poemas. Sua poesia foi derramada sem medo sobre a prosa, sua força imagética ficou no constante dos seus romances, e nada com o aspecto cru do que passa por simplista – às vezes a poesia está numa escrita mastigada, engolida e regurgitada, quando seu novo aspecto, antes impensável, é agora belo, e novo, moldado pelo interior. Poesia não se molda com as mãos, poesia é o vômito literário que se expele depois de uma embolia linguística. O êmbolo é a imagem, ou o aglomerado de imagens, experimentadas ou criadas sensivelmente para que a poesia – junto a seu poema ou sua prosa – seja expelida pela boca da criação: os dedos. As terminações nervosas vazam as palavras para as mãos, e através dos dedos pinga o registro daquele nascimento, daquela transformação.

Todos nós escrevemos poesia, mesmo interior. Ela não precisa necessariamente partir de um corpo, ela já é poesia mesmo guardada, quando criada e não exposta. Há quem crie e exponha ao mundo sua massa de imagens, sua linguagem bifurcada, que cresce na literatura como um emaranhado de heras, sendo cada pequena folha uma interpretação daquela criação, um olhar para o objeto exposto. Aurora da Graça, poeta maranhense, afundada na perigosa e deliciosa viscosidade da poesia, uniu quatro fortalezas cobertas dessa hera e a intitulou de “O Tempo Guardado das Pequenas Felicidades”, livro que reúne mais de trinta anos de trabalho poético.

Se as “pequenas felicidades” são os poemas, o “tempo guardado” é o livro como objeto de clausura da arte de Aurora da Graça, que nos permite olhar para ele e senti-lo, tocar esse passado transformado em palavra. O volume foi dividido em quatro livros, sendo o de abertura a reunião dos poemas mais recentes da autora (e que empresta seu título à coletânea) e o restante suas três primeiras publicações: “Cavalo Dourado” (1977), “Nó de Brilho” (1981) e “Memória da Paixão” (1987).

Em “As Cores da Vertigem”, primeira das cinco partes que dividem o livro de abertura, a poesia de Aurora se revela nostálgica, voltada para o passado, mergulhada em sentimentos vertiginosos como na alusão do título. Onde “tudo se harmoniza entre o caos e as lembranças”, a autora revela seu tempo perdido: “Tempo perdido do que antes era eu/ sem as dobras que me esmagam/ e me fecham ao olhar de quem me espreita”; embora essa perda escura crie um ganho luminoso, o tesouro de quem nos escreve: “Meu tesouro/ são as quatro paredes/ e uma cadeira/ o coração aquecido/ e um lápis”. Simples assim. O tom dessa primeira parte é grosso, no sentido de densidade; é mais triste, evoca muitas vezes o silêncio, a dor, o sangue, “o corpo cravado de facas envenenadas”. “As Cores do Abismo” segue este mesmo tom, porém de forma mais intimista, saudosista, até aparentemente pessoal: “Agora és só um retrato na sala de visitas/ sobre a mesa do meu sonho/ o que resta de ti é meu coração iluminado da luz/ que no tempo espalhavas pela vida”. As cores desse abismo parecem mais doídas que as anteriores, onde tudo que se tem é um resto, é uma saudade presa no tempo, é o próprio tempo como vestígio dos sentimentos versados: “quando o tempo escoar irreversível/ e de silêncio as palavras se fizerem/ e meus olhos tentarem rever tuas retinas/ onde te buscar?”. “As Cores de Outra Inspiração” evoca tudo o que inspira Aurora: pessoas, fatos, datas, família, o cotidiano, a metafísica do poema: “se o assunto é o coração/ o poema inflama ou comove/ purifica e entende a dor”. Em seguida chegamos à quarta parte e a novas cores: “As Cores da Ilha”. Aqui os versos ficam mais leves, divertem-se, abrem-se “no peito incandescente o desejo de ir”, retratando o Maranhão, suas praias, o mar, o sol, a água, as festas, as ruas antigas e as casas antigas, os ventos que “voam em todos os caminhos destravando/ o que se escora nas esquinas”, os “sonhos afundados sem furos/ nem tempestade”. Última parte deste primeiro livro, “As Cores dos Fragmentos” é composta por 51 estrofes, não intituladas, mas numeradas, que versam num ritmo mais acelerado e conciso um pouco de tudo sobre o qual as outras cores deixaram suas marcas: “Palavras/ quero-as todas/ não as que rimem/ com adeus”.

Temporalmente, o livro dá um salto retroativo e nos apresenta os três primeiros livros de Aurora da Graça, do terceiro para o primeiro, sendo este o que fecha o volume como um aborto onde a criação se deu. “Memória da Paixão”, publicado em 1987, tem a mesma tessitura dos trabalhos escritos após esta época, mas reúne poemas menores, de versos menores, onde elementos da natureza e o mesmo caráter saudosista e apaixonado que marca o talento da poeta são a estrutura do todo: “O brilho da lua e seu eclipse/ ocultam tua presença na noite/ o claro da lua confirma/ teu olhar”. É nesta mesma época, como anterior a ela, que Aurora se permite o uso de algumas poucas rimas. Sua poesia é livre, e por isso não revela regras, tanto para a criadora quanto para o leitor, cujo ouvido-ocular não se ofende com partes trincadas, mesmo porque elas não estão lá. Quando a rima surge, é música, e pede violão à beira-mar: “Teu mistério se corta com faca/ que o brilho do olho só faz refulgir/ teu mistério cativo refez a couraça/ que mágoas de hoje te fazem sentir”. Lançado seis anos antes, o livro “Nó de Brilho”, e seu antecessor “Cavalo Dourado”, de 1977, são o que há de mais cru, de mais verde, na poesia de Aurora. Não como inexperiência, mas como exposição de sua história enquanto poeta. É nestes primeiros livros que reside a flama que a iluminou para a publicação, para a revelação do que antes se guardava nas gavetas de um tempo silencioso. Enquanto “Nó de Brilho” tem uma estrutura maior, com uma diversidade maior de imagens e versos mais curtos, “Cavalo Dourado” segue uma métrica mais planejada, nunca rígida, com repetições marcando em brasa seu significado anímico. “O Tempo Guardado das Pequenas Felicidades” carrega algumas constâncias que podem ser chamadas de “marcas” da poeta, como o olhar agudo sobre a natureza, a saudade presente dos ausentes, a luz, a escuridão, as sombras contrastando com os solares momentos de alegria, palavras paroxítonas fechando a grande maioria dos versos, a ausência de vírgulas, a solidão tão cinza e ao mesmo tempo tão colorida quando derramada sobre o papel, transformada no que se busca no coração da poesia.

Antes do livro, volume branco, riscado no corte por algumas folhas marrons, cor da folha que caiu distraída na capa, e com orelha da filósofa e escritora Marcia Tiburi, a poeta traz a poesia no nome: Aurora. Não bastando o nome desse momento do dia em que a luz é peneirada e a manhã se abre como uma fruta lacerada com as unhas, o sobrenome “da Graça” batiza o talento. Aurora da Graça ou Graça de Aurora, não importa: a poesia habita esta poeta que já trocou cartas com Lispector e Drummond de Andrade; a poeta habita a poesia, sem hora para ir embora, sem pressa para amanhecer.

Alex Sens Fuziy nasceu no ano de 1988 em Florianópolis e hoje mora em Minas Gerais. É escritor por ofício e prazer, eventualmente revisor e preparador de textos, leitor e cinéfilo contumaz. Duas taças de vinho por dia, céu preferencialmente nublado, pratos sem carne, onze cachorros e incontáveis canecas de chá e café.
Escreve no blog Cadernos de Alex: http://alexsensfuziy.com
(Colaborador em MG)
Contato: sensalex@gmail.com
http://twitter.com/alexsens

ALÉM DAS BRASAS

Na casa velha
a mulher exibe sua idade de séculos
face devastada e braços carcomidos
na casa velha
panelas de alumínio ou barro
arreiam suas tampas na fome
que a fervura consome
além das brasas
na parede
o calendário defasado aponta o futuro
contemplado na soma da esperança diária.
(AuGraca, 2011)

11 julho 2011

CACO DE ESPELHO

 
08 julho 2011 by Mil Palavras













CACO DE ESPELHO,
por Aurora da Graça

p. 1
Uma porta e todas as janelas fechadas. Nada de vento. Alguma fresta de luz somente. Vontade de voar. Chegar onde te encontras e arrancar todas as agulhas que te rasgam as entranhas, arrancar de teus pulsos, as agulhas. Sarar as feridas que tua alma abriu em teu corpo e te obrigam a dormir de dor. Chegar onde te encontras e abrir teus olhos fartos de sonhar, livrá-los da vertigem, livrá-los do que te ofusca. Mais que aprisionado pelas paredes, mais que aprisionado entre as portas fechadas, eu mesmo me aprisiono no desejo, mesmo que passageiro, de abrir tuas veias com um sopro emprestado de Deus para que renasças e me digas que já é hora de mudar as rédeas da vida. Esvaziar mais e mais o oco. Tratar a vida com os brilhos que se convertem em rumos de sonhos.
p. 2
Longe de ti, rumino minha vida. O que me pega de surpresa e me assusta. Sempre compartilhei meu pensamento e minhas ações. Nada pedi em troca. A revelação estava por vir e eu não percebia o que estava atrás da máscara. Nunca sabemos o que a máscara esconde? Palavras afáveis, alegria aparente, gestos de carinho. A máscara arrancada mostra a face do horror e a impotência ao desempenho afetado dos personagens freia qualquer atitude. O cenário é novo e diferente. Nada se parece ao que me acostumei a ver e conviver. O teatro se manifestou. A representação do engodo. Resta fechar o pano de boca, vagar pela coxia. Não ver nem ouvir. O último ato chega ao fim. Não há palmas. A platéia se foi.
p. 3
Abre-se o dia toldado pelas nuvens pesadas de ontem. Impossível saber o que pesa mais. Se a agrura que as palavras absurdas provocam ou este céu carregado e escuro. Desvio meu pensar para longe do agora. Outro tempo de festiva contemplação. Quanto tinhas 20 anos e teus cabelos dourados brilhavam mais que ouro. Leves mais que plumas. Lisos mais que chuva pelos beirais. Outro tempo.
p. 4
Dormes, talvez. Reviro os escombros do que hoje se revela tênue e difuso. Cavo o que se viveu. Indelével. Revejo como se esculpisse na madeira mais dura com espícula do metal mais nobre. Vagarosamente. O desenho se revela na minha imaginação. Estampa-se a alegria e a representação da beleza. Revolver a memória de nossa vida feliz, no tempo das manhãs de sol e esperas sob a copa da amendoeira. Nossa felicidade era a de viver ao acaso das horas premiadas. Entre o mar e a ilusão. Tempo irreversível.
p. 5
Os acontecimentos do passado escapam da memória. Tomam corpo e desfilam na passarela desta recordação. Vejo-me desenhando teus trabalhos da Escola de Biologia. Glândulas, vasos e outros mecanismos do sistema imunológico. Tuas dúvidas sobre a existência de Deus. Tua descrença no pecado. Tuas descobertas do corpo. Prazer e ansiedade. Invenção quase infantil. Pela Biologia, perdeste o interesse. Outras indagações e novas perspectivas tomaram corpo. Descobriste talento em tuas mãos e com elas iniciaste a modelagem da argila. Seguiram-se outros materiais até chegares ao bronze. Belas esculturas. Tudo passou. Traçaste outro mapa para tua vida.
p. 6
Teu sonho estava apartado do meu embora tivéssemos compartilhado beleza e dissabores. A página está virada. Quando eu tive 39 anos foi o momento em que eu arriei a bagagem do desencanto e procurei outra linha para contornar a vida. Foi difícil abrir os umbrais da minha alma. Dobradiças enferrujadas, trinco sem utilidade. As brechas de sua urdidura eram invisíveis. Achei as ferramentas e enfrentei o oficio de redescobrir o brilho dos olhos e o ânimo de enxergar o que era real e me desvencilhar do sonho imaginário e impossível. Não é que eu tenha desistido do sonho.
p. 7
Reviver reinaugura a alegria? Revigora o ânimo? A alma se joga nas nuvens? Nas veias corre outro sangue? E para onde vão o desassossego e a melancolia? Em que vão do meu ser se esconderá tua imagem reinventada?
Página derradeira
Espanto-me e percebo que tudo não passou da invenção. Sonhei com “meus olhos costurados”, no dizer do jovem poeta. Estar só é chamar fantasmas, passado perdido. Preciso descansar o corpo. De olhos fechados por horas, muitas horas. O inesperado corte da luz elétrica escureceu mais o que em mim já era o breu. O corpo estirado na cama pressente o quanto teria que esperar pelo dia. Talvez uma espera inútil. Não há desenho para o que virá. O desconhecido tem a primazia e nos surpreende, sempre. A escuridão não permite que eu leia ou escreva. Pensar é possível, não fosse o desassossego que a quietude obrigatória instala em mim. A quietude silenciosa da madrugada, a ausência de apelos é palco perfeito ao surgimento de idéias, deslumbramento com a vida, sonhos. Nada acontece. O breu impede. Há o redemoinho na alma. Há certo desencanto. Não há desejo.
As imagens se sucedem no meu pensamento. Imagens retalhadas, confusas, quase obscuras. Movem-se. Torvelinho. Prenúncio de furacão. Meu espírito não suportará por muito tempo a movimentação pictórica de meus pensamentos, mas eu não ouso impedir. Permaneço estático à mercê do que poderá vir e que não sei nem posso imaginar.
Enganei-me. Tudo o que imaginei sobre esta nova vida para nós não passou de ilusão. Permaneces absorta e mais alheia ao que eu presumia ser normal e possível. Viver o dia e a noite enfrentando os acontecimentos com normalidade. Preciso entender o que meu pensamento fustiga. As lembranças, vivências e fantasias.
Há em mim o desejo de estimular os recônditos da memória, espaços construídos de silêncio. E depois? se eu tiver medo e não souber o que fazer com os segredos descobertos? pensamento, voz, esquecimento, lembrança ou nada.
Logo será dia. Abrirei a porta e as janelas. Escancaradas para o sol. Liberdade para a inundação da claridade. O vento, nos quintais, dará voltas nos lençóis dos varais. Diante da janela a paisagem. A paisagem não indaga, tampouco quer ouvir qualquer palavra ou história de amor ou ódio que eu possa ou queira relatar. Qualquer história de medo ou de aventura. Qualquer história de tédio ou benevolência.
Há um hiato entre nós. Eu também separado de mim.
Ser feliz, às vezes, é só lembrar.

17 março 2011

"...Distúrbio nos espelhos,
o mar estilhaçando seu cinza__..."
(Sylvia Plath, Poemas, p. 67)

14 março 2011

Dia Nacional da Poesia

O jovem poeta diz:
"Falando em poesia, a tua vem lambendo meus olhos. Que livro, Au!"

10 março 2011

"Quando tudo era ausência, esperei." Verso de canção de Chico Cesar)

10 fevereiro 2011

TRÊS HORAS DA MANHÃ










O sono partido rende-se.
Silêncio opaco fora das janelas
silêncio da pedra entre as paredes.
No corpo
silêncio invertido soletrando falas
para a boca amordaçada.
Sangue silencioso corrediço pelas veias.
Sono aos pedaços sangra o silêncio
e nenhuma escolta pra trazer o dia.

(AuGraca, 31/01/2011)

26 janeiro 2011

+ EMAIL AMOROSO














Aurora boreal!
Sitiado, sim, porém mais ensolarado, tanto no estreito dos olhos quanto na largura das horas. Não chove há dois dias, sendo assim, a estrada seca, as folhas perdem um pouco do viço, mas brilham ao lamber do vento como pequenas línguas de vidro. Já viu as folhas de uma pereira recebendo cócegas do vento? É lindo, uma explosão de pequenas luzes dançantes... gosto tanto! Mas ainda prefiro o tempo nublado, a cobertura de névoa, o humor musgoso dos caminhos de pedra e toda massa cinza que esfria o céu e pede por uma caneca de chá.
Alex Sens

12 janeiro 2011

LENDO MURILO MENDES


Não vale estar na mira do que não vem
não vale espreitar o nada
não vale consumir
o ar
puro
presente
de quem?
não vale beber a água do sonho
se o sal mora na garganta
muda
não vale prever a breve aquiescência
o que vem é o contrário
o não solene
nos lábios crestados
não vale estar por perto
se, ao estar só
inunda-se a mente
de vazio.
(Do livro "O Tempo Guardado...)

11 janeiro 2011

DIVAGAÇÃO

Contei os dias pelas horas
conferi as fases da lua
a Terra escondeu o Sol
!eclipse oculto
neve e chuva pousaram em tua janela
de teus passos nem os rastros
de tua voz o silêncio.

09 janeiro 2011

BOAS NOTÍCIAS!

 












“Não desapareci. Como o sol durante a noite, estou noutro lado de mim, iluminando outros hemisférios, não distante, mas circular e presente. [...]
Minha caríssima, saudade de nossas cartas! E digo: seu belíssimo livro chegou hoje! Que beleza, que cuidado gráfico! Vou começar o mergulho com a ponta dos dedos dos pés hoje à noite, antes de dormir. A resenha? Deve sair em fevereiro, com muito prazer! :-) Durante o mergulho do resto do corpo, manterei sua luz boreal informada das minhas impressões com tão ricos versos cujos corpos já receberam cócegas dos meus olhos ansiosos e curiosos.” (@alexsens)

07 janeiro 2011




Me vejo  sob as estrelas
muito antes que o dia
tranque as portas do poente
antes que meu corpo se entenda
para a vigília que a noite exige.

Céu de névoa
esquivado nas dobras da noite
nenhum risco de claridade
nada
que possa te decifrar.

Celas de silêncio
elos de mistério
tudo
circunscreve tua mudez.

Onde pousar minha fala?
Noite avara!
Se negas vinco / ranhura / dobra seca.

(AuGraca, 29dez2010)