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13 setembro 2007

A CRINA
Fernando Chuí

Cavalgo em teus escombros.
Na superfície, ruínas;
no fundo, uma paisagem.
Vejo ali um pulsar
muito maior do que a minha paz.
Dentro de mim, uma distância
que mergulha em tuas secas;
faz dos teus ruídos
minhas preces.
Não sei te montar;
só durmo agarrado a ti
para tragar pra dentro dos meus azuis
teus pesadelos.
Na superfície, eu te aperto;
no fundo, um espasmo.
Afago a crina de cinzas
e sopro meu nome sobre ela.
Sob a nuvem de pó que se levanta
um vermelho vivo se revela.
Sei que são brasas tuas bocas,
mas beijo-as mesmo assim.
Na superfície, me queimo;
no fundo, me protejo.
Pois tua miséria é um cavalo indomável,
sem dono, sem nome,
sem cabimento.
.
Na superfície, eu te necessito;
no fundo, eu te amo...

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