
ASAS PARTIDAS
Aurora da Graça
Meu corpo resiste
submerso na sombra do abandono
que teu olhar desatento me exilou
Meu corpo procura
o rumo das vertentes obscuras
para nelas reconstruir com seus destroços
os precários contornos da alma estilhaçada
Algo essencial está perdido
a medida do corpo
a lucidez e o travo
a máscara
os laços
a luz
Meu corpo perdido de si mesmo
vibra no silêncio a decadência
o aniquilamento
o vôo de pássaro ferido
asas partidas
ampulheta ao contrário
desejos vazados
milagre em vão.
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