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23 junho 2007

MENINO SANTO


















SÃO JOÃO BATISTA, menino

A devoção materna te vestiu de santo
quando, ainda menino tu sonhavas
os sonhos do futuro prometido
entre roseiras de quintais secretos.

Um futuro com espinhos te aguardava
mancebo de tanta formosura
de menino para homem segredaste
para ti mesmo um destino de aventuras.

No futebol consagraste euforia
entre bandeiras que o povo sacudia
e a que detinhas era maior e colorida
para saudar o time preferido
nas listras coloridas da alegria.

Quando soldado uma guerra te apontava
a batalha instalada em tuas veias
(frágeis vias sem vitalidade)
essas veias modelaram teu destino
e te feriram mais que facas afiadas
pra cortar tua vida e seu sentido.

Também foste mascate pelas ruas da cidade
funcionário também das escrituras
dominaste mil tarefas transitórias
entre o olhar para o futuro e a monótona rotina.

Só teus pés não bastaram para a trilha.
Foste muito pouco para tantos sonhos
foste inacabado para tantos planos.

As palavras se misturam na memória
pra falar de ti e teus temores
teus desejos teus anseios e teus medos
e a extrema complacência com ti mesmo.

(Aurora da Graça, 2007)

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