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11 abril 2010

ANTI-ALELUIA

Alguém anunciará nas quintas-feiras
o destino premiado da alegria
aos sábados recolherei as gargalhadas
da aurora delirante
2
o vento espalhou na relva
meus sonhos tingidos de manhã
sem ímpeto
sem o fio da lâmina
desenho rasurado
deixei escapar
os sonhos arrebatados pelo vento
3
tivesse fé nos milagres e nos santos
escreveria Ladainha e Glória
para clamar a vida escorraçada da ventura
tivesse lume entre os poros e as veias
acenderia fogueiras
labaredas
mastros de luz ao meu redor
4
com meia máscara cobrirei minha alma
de tão pequena caberá entre os olhos recortados no cetim
se fugir desgovernada
delicada palavra guiará seu vôo
fica
5
o corpo fraqueja se não tomo a água
que lava os olhos amanhecidos reféns da insônia
breu do avesso
6
molduras de ouro
para as águas de olhos esquecidos
represa
7
horas inúteis sobre a pedra
olhos ilhados no mesmo olhar
abrolhos sem mar
estacas de vento
maresia intacta
se “todo cais é uma saudade de pedra”
serei rochedo.
(AuGraca, 2010)
Publicado no blog:
http://colunas.gnt.globo.com/pinkpunk/ de Marcia Tiburi.

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