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13 novembro 2012


Caminho no escuro dos teus olhos fechados. 
Costuro meus órgãos com espinhos. 
O pior de tudo é haver sol e o pedido de que a vida continue.

30 outubro 2012


















82
A mesa de trabalho trai o pensamento
caneca de chá
mil canetas
lápis de todas as cores
livros abertos
páginas marcadas
o aparelhinho de música
mudo
algo aflora nesse emaranhado
silêncio.
83
Os retratos dos mortos pousados sobre os móveis.
Ares de alegria em uns
outros de olhar vago miram o futuro.
Mortos entrelaçados com filhos netos maridos.
Mortos revoam no pensamento diário
indagam o que ficou perdido
na intenção dos abraços
nos afagos que a timidez impediu
mortos emoldurados na sépia imposta
do tempo esgotado da vida.

21 junho 2012



A palmeira de raízes no Império
sombreava a casa a relva o sonho
da mulher enfraquecida
desatada de exagero e pompa.
Entre muros e telhas
alinhou suas palmas
esquivou-se das ventanias
não vergou seu porte
hirto
resquício de realeza.
Encravada escora a noite
estremece aos frios da madrugada
alteia suas palmas quando avista o sol.
*
vida vegetal
vida efêmera
*
Desavisada
entrega seu corpo ao corte
sem acenos para a mulher enfraquecida
*
reparte-se em silêncio
troncos revirados na relva
charco de mil lágrimas
entre muros e telhas.

(AuGraca_20/06/2012)

30 abril 2012


nimbus
FRAGMENTOS (AuGraca, inéditos, 2012)

A lâmina imaginária ronda o corpo.
Em qualquer fresta fincará o gume.

O anjo de asas leves
sobrevoa o silêncio das calçadas.
Não há rastro e não há voz.
A tarde sobrevive muda.

No vazio
corre o tempo incerto de um corisco.