Miragem
Chegou, impressentida e silenciosa,
Com uma saudade eslava nos cabelos
E um ritmo de crepúsculo ou de rosa.
Os olhos eram suaves e eis que ao vê-los,
Outra paisagem, fluída, na distância,
Sugeria doçuras e desvelos.
No coração, agora já sem ânsia,
paira a serenidade comovida
que lembra os puros cânticos da infância.
Logo depois se foi, mas refletida
nesse espelho interior, onde as imagens
se libertam do tempo, além da vida,
Olenka permanece, entre miragens.
Carlos Drummond de Andrade, 1955
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário