Dois Fogos
(Desenho e poema de Fernando Chuí)
Há na alma algo de metal
que se funde em coisas sem nome.
Há no corpo algo de papel
que se queima ao inevitável.
Há no universo algo de plástico
que se derrete, anti-galáxia.
Há na memória algo de pano
que se eleva, bandeira em chamas..
E há dois tipos de fogo:
um que lume
e outro que incêndio;
um que ardor
e outro destruição;
um que cauteriza
e outro que carboniza;
um que aceso
e outro que apago;
um que dança qual labareda
e outro que agoniza qual epilético;
um que calor
e outro que dor...
Há dois tipos de fogo:
o primeiro é o mesmo que o segundo.
Filhos da mesma combustão,
da mesma fumaça
- um é pai do outro
e vice-versa..
Cuidemos, pois, da brasa e do carvão..
Dois,
em cada um de nós.
Que o mesmo fogo
segue os dias a cinzelar.
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