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07 janeiro 2013














A tarde pelo meio encalha no caroço de nectarina
salivado na boca da mulher velha.
A tarde revira o vento pela janela do quarto
protegido da tarde ensolarada.
Caroço de nectarina __ cavado em reentrâncias e curvas
tal cérebro endurecido fora do corpo.
A dureza do caroço devorou o amarelo/vermelho
da casca/polpa.
Doce sabor de tarde ensolarada.

(augraca, 2013, janeiro, 5)

03 janeiro 2013


















2012 - Ano pelo fim Ano véspera do que virá

Caminho pela cidade mutilada.
Sobrados seculares abrigam automóveis e mendigos.
Caminho pelos restos de passado e glórias corroídas
beirais tinturados de limo e sol.














Tempo perdido entre escombros.
Cidade quatrocentona!
Quatrocentos becos
quatrocentas pedras de cantaria
quatrocentas ladeiras











quatrocentas praças destroçadas.
Foram-se as alamedas floridas.
Nas ruas estreitas afloram crateras
pedras centenárias esbarram nas calçadas
_ atropelam teus sonhos senis.
Cidade de quatrocentos anos!
Teu presente se entontece na modernidade
chips e outras quinquilharias cibernéticas
sombreiam teus escritos parnasianos
teus poemas de amor soletrados nas janelas de outrora.
400 desejos
400 amores
400 segredos camuflados nos porões.
Tempo perdido entre escombros.
A flama do tempo moderno te acena
do lado oposto onde o mar desenha seu bailado.















Aurora da Graça (São Luís, 31 dezembro 2012)